Junto com a crise, a democracia consta de quase todo o discurso da maior parte dos governos do mundo. Portugal não é diferente, muito pelo contrário, mas o problema é que ela é apenas referida quando convém.
Falou o governo de democracia quando afinal decidiu não pôr em referendo a adesão ao Tratado de Lisboa?
Porque razão o PS e PSD são ‘’tão diferentes’’, mas nenhuma hesitação há quando é ‘’preciso’’ se juntarem para apertar o cinto aos trabalhadores, como foi no caso do PEC e destas últimas medidas semelhantes?
Porque razão ministros e secretários do governo têm um lugar na administração de uma grande empresa assim que acabam o seu mandato?
Porque é que não é considerado problema o jovem que não percebe nada de política e não se preocupa com ela, e se orgulha disso?
Porque razão são sempre os que menos têm e mais trabalham que pagam a crise, se não foram eles que a provocaram?
Porque é que a permanência de um governo no poder não é posta em causa caso este faça o contrário do que prometeu?
Todas estas perguntas, apesar de soltas, levam a uma conclusão, a de que esta democracia que temos é doente, e não é a mesma que foi conquistada em Abril.
Se calhar se houvesse democracia o BPN não teria sido nacionalizado apenas para usar o dinheiro do Estado (nosso, pelo qual trabalhámos) para pagar as suas dívidas e logo em seguida dado de novo às mãos do sector privado.
Só quando mudar a sério o governo, poderá haver mesmo democracia. Sim, democracia, aquela coisa que significa que nós escolhemos o que é que se faz com o nosso dinheiro, por exemplo, como disse acima, e já vimos, depois de tantos anos de PS, PSD e de vez em quando o CDS, que nenhum destes nos irá trazê-la.
A verdadeira democracia que teremos será apenas a que construirmos, e isto não é nada de novo. Em Portugal, já o povo quis, e já ele teve.
Luís Abrantes
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