sábado, 31 de março de 2012

Abril, até quando?

   Devíamos sentar, parar e refletir no que abril nos trouxe.  São muitos “s” que se colocam, passados 38 anos da Revolução dos cravos. Afinal, porque se sucedeu? Que valores se conquistaram e passados 38 anos depois, o que se perdeu? Quantos poetas, como Ary e outros nos disseram que portas abril abriu? Quantos cantores de intervenção como Afonso disseram para trazermos um amigo também? Quantos políticos presos pela PIDE, como Cunhal e muitos outros que lutaram e fugiram em passos pequenos sempre em busca do acolhimento do seu povo, que os recebia e lhes dava um canto para dormir e uma marmita bem preparada para trilhar os caminhos brancos da lua e para nunca perderem o caminho de regresso a casa. Quantos? Quantos cravos foram levantados para festejar ou comemorar abril num gesto feliz de alegria ou de satisfação pelas gerações passadas? Quantos cravos são agora levantados pelas gerações pós 25 abril para comemorar a liberdade, quantos? Quantas pessoas, sim pessoas, preferem emigrar em vez de exigir o direito ao trabalho? Quantos ou quantas preferem virar as costas ao que abril nos deu, do que lutar? Quantos meninos ou meninas presentem que algo não vai bem em casa, vendo os seus pais preocupados. Quantos jovens que estão no ensino superior, terminando uma licenciatura para “vida” e não sabem se o seu futuro passa por Portugal ou por outro canto do mundo. Quantos? Quantos homens e quantas mulheres trabalharam uma vida inteira para ver a sua pensão reduzida a meia dúzia de tostões? Quantos beijos, sim beijos, de ternura foram dados às escondidas e que passado 38 anos ficaram perdidos? Que esperança é essa que passados 38, parece morrer. O povo português teima em resignar-se e a encolher os ombros perante o saque que lhe é feito. Até quando mais manteremos calados? Até quando? 

19.03.12 - FDM

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