quarta-feira, 25 de março de 2009

Quem fica a ganhar?



Na realidade, o que podemos constatar é que são empresas como a SATA – Empresa Pública que, ao contrário do que seria de prever, mais trabalhadores contratam de forma precária, ora vejamos:

- Segundo as palavras da Secretária Regional, deve ser combatido o desemprego sazonal, mas a SATA, à semelhança de anos anteriores, volta a contratar inúmeros (são muitos acreditem) jovens trabalhadores apenas por cinco meses e ainda por cima a part-time. Isto faz com que estes jovens trabalhem apenas alguns meses por ano, façam os seus descontos e fiquem desempregados logo a seguir, sem qualquer direito social ou subsídio de desemprego. Quem fica a ganhar?

- Os programas Estagiar L e T irão ser prolongados de seis meses para um ano (nas ilhas que não são da coesão). Até agora tudo bem à primeira vista. Mas não. O que temos constatado com a nossa precária vida de jovens trabalhadores e não com estatísticas feitas à base de números “estranhos” é que, findo o programa, o jovem estagiário é automaticamente substituído por outro, mantendo um posto de trabalho gratuito para a empresa (agora por um ano) e reduzindo mais um aos números do desemprego. Quem fica a ganhar?

- Os mais velhos vêem aumentada a idade da reforma, cansados, por vezes até doentes, vêem-se obrigados a continuar a trabalhar, enquanto os jovens após esgotarem os seus períodos de estágio, ficam desempregados ou trabalham sazonalmente, sujeitando-se a “mini contratos” que não lhes dão quaisquer garantias. Quem fica a ganhar?
Tudo isto faz com que apesar de ainda termos uma vida pela frente, apenas possamos sonhar. Não podemos casar, comprar carro ou outros bens materiais, ter família, ter uma vida digna, enfim, nem um quarto podemos alugar porque hoje temos emprego, amanhã não.

Então Sr.ª Secretária Dr.ª Ana Paula Marques, o que é que deve fazer para dar o exemplo às empresas do sector privado?
Que “programas” são esses que agora e mais uma vez, o Governo Regional vem propagandear?
O que vai fazer o Governo Regional para acabar com este flagelo que atinge a juventude açoriana?

Pode começar, desde já, pelos meios e responsabilidades que lhe competem, as empresas públicas açorianas...

A JCP Açores considera que é necessário que seja revisto o conceito dos programas “Estagiar”, responsabilizando as empresas na admissão definitiva dos estagiários, sempre que se verifique a necessidade permanente do posto de trabalho, não permitindo que sejam apenas usados como mão-de-obra precária gratuita.
Deve também ser consagrado o direito dos estagiários ao subsídio de alimentação e transporte, de forma a dar-lhes condições condignas para o exercício dos seus estágios.
A precariedade que atinge em particular os jovens compromete o seu futuro e o seu direito à emancipação e autonomia. É uma situação ainda mais grave quando é próprio Governo Regional a promovê-la, em vez de a combater, o que merece o nosso firme protesto e o de todos os jovens açorianos.

Horta, 25 de Março de 2009
A JCP/Açores

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